sexta-feira, 27 de abril de 2012

Classicismo


            Em 1527, o poeta Francisco de Sá de Miranda (1481 - 1558) voltou a Portugal depois de uma viagem de seis anos à Itália, onde estudara a obra de Francesco Petrarca (1304 - 1374) e dos poetas do chamado dolce stil nuovo (doce estilo novo) - Diante Alighieri (1265 - 1321), Guido Guinizelli (entre 1230 e 1240 - 1276) e Guido Cavalcanti (1259 - 1300), entre outros. Foi dessa forma que Sá de Miranda, colaborador do Cancioneiro geral, absorveu inovações técnicas e temáticas que acabou introduzindo em Portugal. Essas inovações , que desde o século XIII eram praticadas na Itália, já haviam tido alguma influencia sobre as demais literaturas europeias (Dante e Petrarca, por exemplo, eram conhecidos pelos poetas do Cancioneiro geral); somente no século XVI, no entanto, é que foram amplamente aceitas e difundidas fora da Itália. A volta de Sá de Miranda a Portugal é  o marco inicial do Classicismo, pois demonstra uma atitude receptiva da mentalidade portuguesa em relação aos procedimentos literários renascentistas. O ano de 1580, em que morre Luís de Camões, principal poeta da época, e também em que Portugal perde a independência politica, é o ponto final desse período.



Características do Classicismo

* Racionalismo: a razão predomina sobre o sentimento, ou seja, a expressão dos sentimentos era controlada pela razão.



* Universalismo: os assuntos pessoais ficaram de lado e as verdades universais (de preocupação universal) passaram a ser privilegiadas.



* Perfeição formal: métrica, rima, correção gramatical, tudo isso passa a ser motivo de atenção e preocupação.

* Presença da mitologia greco-latina



* Humanismo: o homem dessa época se liberta dos dogmas da Igreja e passa a se preocupar com si próprio, valorizando a sua vida aqui na Terra e cultivando a sua capacidade de produzir e conquistar. Porém, a religiosidade não desapareceu por completo.


A Poesia Lírica do Classicismo Português

A poesia lírica do Classicismo português apresenta-nos a permanência da tradição medieval das redondilhas (medida velha), cultivadas ao lado das formas italianizantes, centradas no uso do verso decassílabo e seus quebrados, e nas formas de soneto, da canção e de outras de origem greco-latina (odes, epigramas, elegias, éclogas, por exemplo).

Os poetas perseguiram uma expressão equilibrada, sóbria, capaz de transmitir o domínio que a razão exercia sobre a emoção individual. Inspirando-se em modelos antigos e renascentistas, e imprimindo-lhes suas marcas pessoais, alargaram o universo rítmico e temático da poesia lírica portuguesa.

Houve principalmente uma tentativa de renovação das mentalidades, incorporando-se à poesia a ideia de imitação da natureza, que implicava a pesquisa da realidade humana em busca do que nela havia de comum a todos os homens, de universal. Também o Neoplatonismo, com sua proposta de contínuo aprimoramento espiritual, tornou-se uma constante temática. Desenvolveram-se esforços para adaptar ideias e formas de expressão da Antiguidade clássica e da Itália renascentista à língua portuguesa, que passou a ser valorizada como mais um item de grandeza do Império português.


A lírica camoniana de “medida velha” prende-se à tradição medieval portuguesa fazendo uso de recursos poéticos presentes em parte na lírica trovadoresca e, principalmente, na produção do Cancioneiro geral: as redondilhas menores e maiores, os poemas organizados em motes e glosas. Essa parte da lírica abrange sobretudo os temas tradicionais (incluindo o humor); há textos, no entanto, em que se abordam temas ditados pelo Renascimento.

Em sua produção lírica, Luís de Camões utilizou formas poéticas tradicionais, de origem medieval, em redondilha (“medida velha”), ao lado das formas de origem italiana e clássica, em que domina o verso decassílabo (“medida nova”). Manjando a “medida velha” com talento e criatividade, conseguiu revitalizar a tradição que recebera. Com o decassílabo, recém-implantado na língua portuguesa, Camões desenvolveu um fluxo rítmico de rara felicidade, conseguindo uma melodia verbal que se transformou em modelo para praticamente toda a produção poética que se seguiu.

Os poemas da lírica resultam de um elaborado trabalho artístico, que integra “saber, engenho e arte”, ou seja, erudição, talento e domínio técnico, de acordo com a busca de equilíbrio  e harmonia que o racionalismo renascentista pregava. Lidando com conceitos sutis e chegando conclusões paradoxais, Camões antecipou o Barroco, produzindo muitos textos maneiristas.

A temática dessa lírica também mescla assuntos tirados da tradição medieval com material de inspiração renascentista. O amor é tema constante, conduzindo a uma tensão entre a concepção, neoplatônica e petrarquista e a sensualidade inerente ao desejo. Outro tema frequente é o “desconcerto do Mundo” o desacerto  entre as expectativas existenciais impregnadas de idealismo e realidade vividas, permanentemente frustrante na medida em que acaba favorecendo não aos mais capazes, mas sim aos menos escrupulosos.




Principais Autores




* Luís Vaz de Camões: Um dos maiores nomes da Literatura Universal, e certamente, o maior nome da Literatura Portuguesa.


Escreveu poesias (líricas e épicas) e peças teatrais, porém sua obra mais conhecida e consagrada é a epopéia “Os Lusíadas” considerada uma obra-prima.

Essa obra é dividida em 10 partes (cantos) com 8816 versos distribuídos em 1120 estrofes e narra a viagem de Vasco da Gama às Índias enfatizando alguns momentos importantes da história de Portugal.

Outros escritores existiram, porém não tiveram tanto destaque quanto Camões, são eles: Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro e Antonio Ferreira.

O Classicismo terminou em 1580, com a passagem de Portugal ao domínio espanhol e também com a morte de Camões.







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