domingo, 29 de abril de 2012

Arcadismo


O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo ou Neoclacissismo, é o movimento que compreende a produção literária brasileira na segunda metade do século XVIII. O nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto).
Denota-se, logo de início, as referências à mitologia grega que perpassa o movimento.
Profundas mudanças no contexto histórico mundial caracterizam o período, tais como a ascenção do Iluminismo, que pressupunha o racionalismo, o progresso e as ciências. Na América do Norte, ocorre a Independência dos Estados Unidos, em 1776, abrindo caminho para vários movimentos de independência ao longo de toda a América, como foi o caso do Brasil, que prsenciou inúmeras revoluções e inconfidências até a chegada da Família Real em 1808.
O movimento tem características reformistas, pois seu intuito era o de dar novos ares às artes e ao ensino, aos hábitos e atitudes da época. A aristocracia em declínio viu sua riqueza esvair-se e dar lugar a uma nova organização econômica liderada pelo pensamento burguês.
Ao passo que os textos produzidos no período convencionado de Quinhentismo sofreram influência direta de Portugal e aqueles produzidos durante o Barroco, da cultura espanhola, os do Arcadismo, por sua vez, foram influenciados pela cultura francesa devido aos acontecimentos movidos pela burguesia que sacudiram toda a Europa (e o mundo Ocidental).

Segundo o crítico Alfredo Bosi em seu livro História Concisa da Literatura Brasileira (São Paulo: editora Cultrix, 2006) houve dois momentos do Arcadismo no Brasil:
a) poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e valorização da natureza e da mitologia.
b) ideológico: influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.
Seus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No Brasil, o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando houve a publicação de Obras, do poeta Claudio Manoel da Costa.

Principais características
- inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, como por exemplo, em O Uraguai (gênero épico), em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas Chilenas (gênero satírico);
- influência da filosofia francesa;
- mitologia pagã como elemento estético;
- o bom selvagem, expressão do filósofo Jean-Jacques Rousseau, denota a pureza dos nativos da terra fazem menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril;
- tensão entre o burguês culto, da cidade, contra a aristocracia;
- pastoralismo: poetas simples e humildes;
- bucolismo: busca pelos valores da natureza;
- nativismo: referências à terra e ao mundo natural;
- tom confessional;
- estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos;
- exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza.

Termos em latim
O uso de expressões em latim era comum no neoclacisssimo. Elas estavam associados ao estilo de vida simples e bucólico. Conheça algumas delas:
 Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos cometidos pelas obras do barroco. No arcadismo, os poetas primavam pela simplicidade.
Fugere urbem: "fugir da cidade", do escritor clássico Horácio;
Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em detrimento dos centros urbanos monárquicos;
Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da efemeridade do tempo, convida sua amada a aproveitar o momento presente.
 Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram todos burgueses e habitantes dos centros urbanos. Por isso a eles são atribuídos um fingimento poético, isto é, a simulação de sentimentos fictícios.

Principais Autores:

Os principais autores árcades são: Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga, Basílio da Gama, Silva Alvarenga e Frei José de Santa Rita Durão.

Barroco


No Brasil, o Barroco tem seu marco inicial em 1601 com a publicação do poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira, que introduz definitivamente o modelo da poesia camoniana em nossa literatura. Estende-se por todo o século XVII e início do século XVIII. O final do Barroco brasileiro só se concretizou em 1768, com a fundação da Arcádia Ultramarina e com a publicação do livro Obras, de Cláudio Manuel da Costa. No entanto, já a partir de 1724, com a fundação da Academia Brasílica dos Esquecidos, o movimento academicista ganhava corpo, assinalando a decadência dos valores defendidos pelo Barroso e a ascensão do movimento árcade.
Em Portugal, o Barroco ou Seiscentismo tem seu início em 1580 com a unificação da Península Ibérica, o que acarretará um forte domínio espanhol em todas as atividades, daí o nome Escola Espanhola, também dado ao Barroco lusitano. O Seiscentismo se estenderá até 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, já em pleno governo do Marquês de Pombal, aberto aos novos ares da ideologia liberal burguesa iluminista, que caracterizará a segunda metade do século XVIII.
Mesmo considerando o Barroco o primeiro estilo de época da literatura brasileira e Gregório de Matos o primeiro poeta efetivamente brasileiro, com sentimento nativista manifesto, na realidade ainda não se pode isolar a Colônia da Metrópole. Ou, como afirma Alfredo Bosi: "No Brasil houve ecos do Barroco europeu durante os séculos XVII e XVIII: Gregório de Matos, Botelho de Oliveira, Frei Itaparica e as primeiras academias repetiram motivos e formas do barroquismo ibérico e italiano". Além disso, os dois principais autores - Pe. Antônio Vieira e Gregório de Matos - tiveram suas vidas divididas entre Portugal e Brasil. Por essas razões, neste capítulo não separaremos as manifestações barrocas de Portugal e do Brasil.
O tempo barroco denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1600 e início dos anos 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época.

Características

O estilo barroco nasceu da crise de valores renascentistas ocasionada pelas lutas religiosas e pela crise econômica vivida em consequência da falência do comércio com o Oriente. O homem do Seiscentismo vivia um estado de tensão e desequilíbrio, do qual tentou evadir-se pelo culto exagerado da forma, sobrecarregando a poesia de figuras, como a metáfora, a antítese, a hipérbole e a alegoria.

Todo o rebuscamento que aflora na arte barroca é reflexo do dilema, do conflito entre o terreno e o celestial, o homem e Deus (antropocentrismo e teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o paganismo renascentista, o material e o espiritual, que tanto atormenta o homem do século XVII. A arte assume, assim, uma tendência sensualista, caracterizada pela busca do detalhe num exagerado rebuscamento formal.

Podemos notar dois estilos no barroco literário: o Cultismo e o Conceptismo.

·         Cultismo: é caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante (hipérboles), descritiva; pela valorização do pormenor mediante jogos de palavras (ludismo verbal), com visível influência do poeta espanhol Luís de Gôngora; daí o estilo ser também conhecido por Gongorismo. No cultismo valoriza-se o "como dizer".

·         Conceptismo: é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista, que utiliza uma retórica aprimorada (arte de bem falar, ou escrever, com o propósito de convencer; oratória). Um dos principais cultores do Conceptismo foi o espanhol Quevedo, de onde deriva o termo Quevedismo. Valoriza-se, neste estilo, "o que dizer".

Na literatura, as características principais são:

·         Culto do contraste: o poeta barroco se sente dividido, confuso. A obra é marcada pelo dualismo: carne X espírito, vida X morte, luz X sombra, racional X místico. Por isso, o emprego de antíteses.

·         Pessimismo: devido a tensão (dualidade), o poeta barroco não tinha nenhuma perspectiva diante da vida.

·         Literatura moralista: a literatura tornou-se um importante instrumento para educar e para "pregar" por parte dos religiosos (padres).


Destacam-se Botelho de Oliveira, Gregório de Matos, Frei Itaparica e Padre Antônio Vieira.
Participava ativamente da Companhia de Jesus e da política portuguesa de sua época, apesar de passar a maior parte de sua vida no Brasil. Destacou-se como importante orador jesuítico em língua portuguesa, sendo famoso por seus sermões.
Apresentava idéias a favor dos cristãos-novos e contra a escravidão do negro e principalmente do índio, sofreu críticas e perseguições, tendo-se envolvido com a Inquisição.
Desenvolve seus sermões por meio de raciocínios tortuosos, em longos períodos, através de um encadeamento profundamente lógico. Traduz suas idéias através de parábolas, fazendo uso principalmente da metáfora.
Merecem destaque os seguintes: Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra a Holanda, Sermão da primeira dominga da Quaresma e o Sermão da Sexagésima. A respeito deste último seguem algumas considerações.
Este sermão versa sobre a arte de pregar em suas dez partes. Nele Vieira usa de uma metáfora: pregar é como semear. Traçando paralelos entre a parábola bíblica sobre o semeador que semeou nas pedras, nos espinhos (onde o trigo frutificou e morreu), na estrada (onde não frutificou) e na terra (que deu frutos), Vieira critica o estilo de outros pregadores contemporâneos seus (e que muito bem caberia em políticos atuais), que pregavam mal, sobre vários assuntos ao mesmo tempo (o que resultava em pregar em nenhum), ineficazmente e agradavam aos homens ao invés de pregar servindo a Deus.
 "A definição de Pregador é a vida, e o exemplo... Ter nome de Pregador ou ser Pregador de nome não importa nada: as ações, a vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o mundo" 
 --Pe. Vieira




Quinhentismo


Quinhentismo é a denominação genérica de todas as manifestações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, no momento em que a cultura europeia foi introduzida no país. Note que, nesse período, ainda não se trata de literatura genuinamente brasileira, a qual revele visão do homem brasileiro. Trata-se de uma literatura ocorrida no Brasil, ligada ao Brasil, mas que denota a visão, as ambições e as intenções do homem europeu mercantilista em busca de novas terras e riquezas. As manifestações ocorridas se prenderam, basicamente, à descrição da terra e do índio, ou a textos escritos pelos viajantes, jesuítas e missionários que aqui estiveram.

Literatura Informativa

A Carta de Caminha inaugura o que se convencionou chamar de Literatura Informativa sobre o Brasil. Este tipo de literatura, também conhecido como literatura dos viajantes ou literatura dos cronistas, como consequência das Grandes Navegações, empenha-se em fazer um levantamento da “terra nova”, de sua floresta e fauna, de seus habitantes e costumes, que se apresentaram muito diferentes dos europeus. Daí ser uma literatura meramente descritiva e, como tal, sem grande valor literário. A principal característica da carta é a exaltação da terra, resultante do assombro do europeu diante do exotismo e da exuberância de um mundo tropical. Com relação à linguagem, o louvor à terra transparece no uso exagerado de adjetivos.
Para o leitor de hoje, a literatura informativa satisfaz a curiosidade a respeito do Brasil nos seus primeiros anos de vida, oferecendo o encanto das narrativas de viagem. Para os historiadores, os textos são fontes obrigatórias de pesquisa. Mais adiante, com o movimento modernista, esses textos foram retomados pelos escritores brasileiros, como Oswald de Andrade, como forma de denúncia da exploração a que o país sofrera desde então.

Veja os principais documentos que compõem a nossa literatura informativa:

1. Carta do descobrimento (Pero Vaz de Caminha): foi escrita no ano de 1500 e publicada pela primeira vez em 1817.

2. Tratado da terra do Brasil (Pero de Magalhães Gândavo): foi escrito por volta de 1570 e impresso pela primeira vez em 1826.

3. História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil (Pero de Magalhães Gândavo): foi editado em 1576.

4. Diálogo sobre a conversão dos gentios (Padre Manuel da Nóbrega): foi escrito em 1557 e impresso em 1880.

5. Tratado descritivo do Brasil (Gabriel Soares de Sousa): escrito em 1587 e impresso por volta de 1839.



sexta-feira, 27 de abril de 2012

Classicismo


            Em 1527, o poeta Francisco de Sá de Miranda (1481 - 1558) voltou a Portugal depois de uma viagem de seis anos à Itália, onde estudara a obra de Francesco Petrarca (1304 - 1374) e dos poetas do chamado dolce stil nuovo (doce estilo novo) - Diante Alighieri (1265 - 1321), Guido Guinizelli (entre 1230 e 1240 - 1276) e Guido Cavalcanti (1259 - 1300), entre outros. Foi dessa forma que Sá de Miranda, colaborador do Cancioneiro geral, absorveu inovações técnicas e temáticas que acabou introduzindo em Portugal. Essas inovações , que desde o século XIII eram praticadas na Itália, já haviam tido alguma influencia sobre as demais literaturas europeias (Dante e Petrarca, por exemplo, eram conhecidos pelos poetas do Cancioneiro geral); somente no século XVI, no entanto, é que foram amplamente aceitas e difundidas fora da Itália. A volta de Sá de Miranda a Portugal é  o marco inicial do Classicismo, pois demonstra uma atitude receptiva da mentalidade portuguesa em relação aos procedimentos literários renascentistas. O ano de 1580, em que morre Luís de Camões, principal poeta da época, e também em que Portugal perde a independência politica, é o ponto final desse período.



Características do Classicismo

* Racionalismo: a razão predomina sobre o sentimento, ou seja, a expressão dos sentimentos era controlada pela razão.



* Universalismo: os assuntos pessoais ficaram de lado e as verdades universais (de preocupação universal) passaram a ser privilegiadas.



* Perfeição formal: métrica, rima, correção gramatical, tudo isso passa a ser motivo de atenção e preocupação.

* Presença da mitologia greco-latina



* Humanismo: o homem dessa época se liberta dos dogmas da Igreja e passa a se preocupar com si próprio, valorizando a sua vida aqui na Terra e cultivando a sua capacidade de produzir e conquistar. Porém, a religiosidade não desapareceu por completo.


A Poesia Lírica do Classicismo Português

A poesia lírica do Classicismo português apresenta-nos a permanência da tradição medieval das redondilhas (medida velha), cultivadas ao lado das formas italianizantes, centradas no uso do verso decassílabo e seus quebrados, e nas formas de soneto, da canção e de outras de origem greco-latina (odes, epigramas, elegias, éclogas, por exemplo).

Os poetas perseguiram uma expressão equilibrada, sóbria, capaz de transmitir o domínio que a razão exercia sobre a emoção individual. Inspirando-se em modelos antigos e renascentistas, e imprimindo-lhes suas marcas pessoais, alargaram o universo rítmico e temático da poesia lírica portuguesa.

Houve principalmente uma tentativa de renovação das mentalidades, incorporando-se à poesia a ideia de imitação da natureza, que implicava a pesquisa da realidade humana em busca do que nela havia de comum a todos os homens, de universal. Também o Neoplatonismo, com sua proposta de contínuo aprimoramento espiritual, tornou-se uma constante temática. Desenvolveram-se esforços para adaptar ideias e formas de expressão da Antiguidade clássica e da Itália renascentista à língua portuguesa, que passou a ser valorizada como mais um item de grandeza do Império português.


A lírica camoniana de “medida velha” prende-se à tradição medieval portuguesa fazendo uso de recursos poéticos presentes em parte na lírica trovadoresca e, principalmente, na produção do Cancioneiro geral: as redondilhas menores e maiores, os poemas organizados em motes e glosas. Essa parte da lírica abrange sobretudo os temas tradicionais (incluindo o humor); há textos, no entanto, em que se abordam temas ditados pelo Renascimento.

Em sua produção lírica, Luís de Camões utilizou formas poéticas tradicionais, de origem medieval, em redondilha (“medida velha”), ao lado das formas de origem italiana e clássica, em que domina o verso decassílabo (“medida nova”). Manjando a “medida velha” com talento e criatividade, conseguiu revitalizar a tradição que recebera. Com o decassílabo, recém-implantado na língua portuguesa, Camões desenvolveu um fluxo rítmico de rara felicidade, conseguindo uma melodia verbal que se transformou em modelo para praticamente toda a produção poética que se seguiu.

Os poemas da lírica resultam de um elaborado trabalho artístico, que integra “saber, engenho e arte”, ou seja, erudição, talento e domínio técnico, de acordo com a busca de equilíbrio  e harmonia que o racionalismo renascentista pregava. Lidando com conceitos sutis e chegando conclusões paradoxais, Camões antecipou o Barroco, produzindo muitos textos maneiristas.

A temática dessa lírica também mescla assuntos tirados da tradição medieval com material de inspiração renascentista. O amor é tema constante, conduzindo a uma tensão entre a concepção, neoplatônica e petrarquista e a sensualidade inerente ao desejo. Outro tema frequente é o “desconcerto do Mundo” o desacerto  entre as expectativas existenciais impregnadas de idealismo e realidade vividas, permanentemente frustrante na medida em que acaba favorecendo não aos mais capazes, mas sim aos menos escrupulosos.




Principais Autores




* Luís Vaz de Camões: Um dos maiores nomes da Literatura Universal, e certamente, o maior nome da Literatura Portuguesa.


Escreveu poesias (líricas e épicas) e peças teatrais, porém sua obra mais conhecida e consagrada é a epopéia “Os Lusíadas” considerada uma obra-prima.

Essa obra é dividida em 10 partes (cantos) com 8816 versos distribuídos em 1120 estrofes e narra a viagem de Vasco da Gama às Índias enfatizando alguns momentos importantes da história de Portugal.

Outros escritores existiram, porém não tiveram tanto destaque quanto Camões, são eles: Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro e Antonio Ferreira.

O Classicismo terminou em 1580, com a passagem de Portugal ao domínio espanhol e também com a morte de Camões.







terça-feira, 24 de abril de 2012

Humanismo


         
         Tem inicio com a nomeação de Fernão Lopes para o cargo de cronista-mor e termina com o retorno de Sá de Miranda da Itália. Período de grande desenvolvimento da prosa e decadência da poesia (estando toda produção poética do período ligada ao Cancioneiro Geral, conjunto de poesias palacianas). Desenvolvimento do teatro popular, com a produção de Gil Vicente. O Humanismo marca a transição de um Portugal caracterizado por valores puramente medievais para uma nova realidade mercantil, em que se percebe a ascensão dos ideais burgueses. A economia de subsistência feudal é substituída pelas atividades comerciais; inicia-se uma retomada da cultura clássica, esquecida durante a maior parte da Idade Média; o pensamento teocêntrico é deixado de lado em favor do antropocentrismo. Fortalecimento da monarquia com a Revolução de Avis e comprometimento da burguesia mercantil. Desse compromisso resulta a expansão ultramarina portuguesa com a tomada de Ceuta, primeira conquista ultramarina de muitas outras. Essa grandiosidade leva Camões, em Os Lusíadas, a afirmar que o sol estava sempre a pino no império português.
          O Humanismo caracteriza-se por uma nova visão do homem em relação a Deus e, em relação a si mesmo. Essa nova visão decorre diante da nova realidade social e econômica vivida na época.
A pirâmide social da era Medieval, já não existe mais (essa pirâmide era formada pelos Nobres / Clero / e Povo), graças ao surgimento de uma nova classe social: a Burguesia, cujo nome se origina da palavra burgos que quer dizer cidade.
         O surgimento das cidades deve-se ao incremento do comércio que era a base de sustentação dessa nova classe social. As cidades por sua vez, oferecem uma nova opção de vida para os camponeses que abandonam o campo. Esse fato iniciou o afrouxamento do regime feudal de servidão.
Nessa época também tem início as grandes navegações, que levam as pessoas a valorizar crescentemente as conquista humanas. Esses fatores combinados levam a um processo que atinge seu ponto máximo no Renascimento. 
         Como conseqüência dessa nova realidade social, o Teocentrismo pregado e defendido durante tantos anos pelas classes anteriores, passa a dar lugar para o Antropocentrismo, nova visão onde o homem se coloca como sendo o centro do Universo.
Na cultura, esse processo de mudanças também tem efeitos culturais pois, o homem passa a se encarar como ser humano, e não mais como a imagem de Deus.
Todas as Artes passam a expressar novas partículas que apareceram com essa nova visão, as pinturas os poemas e as músicas da época por exemplo, tornam-se mais humanas, passam a retratar mais o ser humano em sua formação



Poesia Palaciana

         Compreende a chamada poesia palaciana, documentada através de uma coletânea feita por Garcia de Resende e publicada em 1516 com o nome Cancioneiro Geral. A  leitura dessa coletânea mergulha-nos em plena vida palaciana. A corte ainda concentrada em torno do rei buscava novas formas de diversão e passatempos. A maioria das composições do Cancioneiro Geral destinava-se aos serões do paço, onde se recitava, disputavam concursos poéticos, ouviam música, galanteavam, jogavam, realizavam pequenos espetáculos de alegorias ou paródias. Tudo isso feito pelos nobres, tendia a apurar-se, os vestuários, os gestos, os penteados e a linguagem mantendo forte influência da corte.
             Nessa época a poesia, enfim, pode ter sua autonomia e separar-se da música, ou seja, até então todas as poesias eram feitas para serem musicadas, e a partir desse momento, as poesias puderam ser apenas declamadas, sem acompanhamento usando apenas a voz do poeta.
poesia palaciana, assim chamada porque surgiu dentro dos palácios, era feita por nobres e para a nobreza, retratando usos e costumes da corte. Era cultivada pela aristocracia nos serões (saraus).
   Desenvolvida nos anos de 1400, ficou também conhecida como poesia quatrocentista. Ao contrário da poesia trovadoresca que estava associada à música e era cantada ou bailada, a poesia palaciana era composta para ser lida ou declamada nas cortes. De modo que seus autores trabalhavam com maior zelo o poema. Por isso, a poesia palaciana caracterizava-se por ser mais apurada, atraente e variada do que a trovadoresca, embora com certa artificialidade e pobre em conteúdo.
     Inspiravam-se os poetas palacianos nos feitos históricos, na dramaticidade, no lirismo sentimental, sutil e sofisticado (predominante) sem abandonar, contudo, temas comuns aos trovadores medievais: a coita amorosa, a súplica triste e apaixonada e a sátira.
     A métrica empregada eram as redondilhas que podiam ser de dois tipos: a rendodilha maior (com sete sílabas) e a menor (com cinco sílabas) e era normal o uso do mote (tema, motivo). Havia os subgêneros como:
O Vilancete composto por um mote de 2 ou 3 versos, seguido de glosa (desenvolve um mote, em geral em tantas estrofes quantos são os versos deste e acabando cada estrofe com um deles).
A Esparsa: expressava tristeza ou melancolia, geralmente, composta de 8 a 16 versos em somente uma estrofe, não tinha mote nem a repetição dos versos.
A Cantiga expressava temas amorosos, tinha o mote de 4 ou 5 versos ou de uma glosa de 8 a 10 versos.
A Trova não tinha tema definido, mas devia ter 4 versos ou 8 versos. Eram muito utilizadas tanto em poemas curtos como nos longos.
À Redondilha maior era a métrica comum destes subgêneros.
     Todas as poesias desse período, cerca de mil poesias de 286 autores, dos mais variados tipos (da poesia religiosa a sátira), estão reunidas no Cancioneiro Geral de Garcia Resende, publicado em 1516. Entre os poetas mais destacados dessa antologia poética contam-se o próprio Garcia de Resende, João Ruiz de Castelo Branco, Jorge d' Aguiar, Aires Teles, Gil Vicente, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda, entre outros.

O Teatro de Gil Vicente


         Convivem no teatro vicentino a sátira social mordaz e profunda, sempre vazada com extremo bom humor, e uma crença sincera nos valores de um cristianismo autentico, da base ascética. Gil Vicente, ao criticar os vícios da sociedade de sua época, coloca - se na posição de um defensor da mundividência crista. Sua intenção era a busca de uma reformulação social que tornasse cotidianos a pratica dos valores espirituais e o cultivo das virtudes como preparação para o encontro das almas com Deus.
      Nesse sentido, Gil Vicente fez um teatro de ideias, que raramente tocou a investigação psicológica. Seus personagens são verdadeiros tipos sociais ou, em muitos casos, personificações ( como a igreja ou a fé) e entidades da mitologia crista (anjos, diabos, santos), que desfilam diante dos nossos olhos, expondo de forma polemica ideias de reforma de uma sociedade corrompida porque abandonou as verdadeiras virtudes.
            Escritas em versos, com predomínio acentuado das redondilhas maiores, as peças vicentinas expõem uma ampla variedade linguística, já que o autor se preocupava em caracterizar seus personagens também pelo modo de falar. Há textos em português, textos em castelhano e textos bilíngues. Várias formas dialetais foram também registradas. A linguagem das peças é predominante popular, rica em expressões coloquiais. o lirismo do autor foi expresso principalmente em cantigas populares, que , ao lado de danças folclóricas tradicionais, introduzem uma nota colorida em muitas peças.

*O teatro foi a manifestação literária onde ficavam mais claras as características desse período.

*Gil Vicente foi o nome que mais se destacou, ele escreveu mais de 40 peças.

*Sua obra pode ser dividida em 2 blocos:

*Autos: peças teatrais cujo assunto principal é a religião.

*“Auto da alma” e “Trilogia das barcas” são alguns exemplos.

*Farsas: peças cômicas curtas. Enredo baseado no cotidiano.

*“Farsa de Inês Pereira”, “Farsa do velho da horta”, “Quem tem farelos?” são alguns exemplos.

Prosa
       
         Crônicas: registravam a vida dos personagens e acontecimentos históricos. Fernão Lopes foi o mais importante cronista (historiador) da época, tendo sido considerado o “Pai da História de Portugal”. Foi também o 1º cronista que atribuiu ao povo um papel importante nas mudanças da história, essa importância era, anteriormente atribuída somente à nobreza.


* Fernão Lopes

        Cronista histórico lusitano nascido em Lisboa, Portugal, considerado precursor dos modernos métodos historiográficos e criador da prosa ensaística de língua portuguesa. De uma família de camponeses, teria freqüentado a Escola Catedral de Lisboa. Notabilizou-se quando trabalhou (1418-1454) como Guarda-Mor das escrituras da torre do Tombo, em Lisboa, no reinado de D. João I, quando também foi escrivão dos livros do rei e do infante e, depois, tabelião para todo o reino e senhoria da coroa. Por ordem do infante D. Duarte, começou (1419) a redigir a Crónica dos Sete Primeiros Reis de Portugal, uma obra dividida em três etapas que iam desde o século XIV até seu tempo e que restam poucos manuscritos incompletos e três volumes integralmente preservados: Crônicas del-rei D. Pedro, Crônica del-rei D. João I e Crônica del-rei D. Fernando.         Ao subir ao trono, D. Duarte, concedeu-lhe uma tença de 14 000 réis anuais uma carta de nobreza como reconhecimento pelos seus méritos e o título vassalo de el-rei (1434). Devido a idade avançada teve que deixar seu trabalho na Torre do Tombo (1454) e ser substituído no cargo de guardador das escrituras do Tombo por Gomes Eanes de Zurara, e morreu presumivelmente em Lisboa. Em sua obra descreveu com brilhantismo todos os acontecimentos, especialmente bélicos, políticos, econômicos e sociais, valorizando as fontes documentais e dados obtidos com testemunhas de comprovada fidedignidade. Procurou identificar as causas dos acontecimentos e explicá-los do ponto de vista político e econômico, o que o levou até criticar os reis a que servia e mostrar-se simpático às classes subalternas. Criou a prosa literária da língua portuguesa em sua modalidade ensaística e factual, a concepção popular da história, marcada sobretudo pela imparcialidade que se esforçou por manter. 








segunda-feira, 23 de abril de 2012

Trovadorismo


         Trovadorismo, também conhecido como Primeira Época Medieval, é o primeiro movimento literário da língua portuguesa. Iniciou-se em 1189 (ou 1198) em plena Idade Média no mesmo período em que Portugal começou a despontar como nação independente, no século XII; porém, as suas origens deram-se na Occitânia, de onde se espalhou por praticamente toda a Europa. Apesar disso, a lírica medieval galaico-português possuiu características próprias, uma grande produtividade e um número considerável de autores conservados.

Origem do Trovadorismo

         A mais antiga manifestação literária galego-portuguesa que se tem notícia é a "Cantiga da Ribeirinha", também chamada de "Cantiga da Garvaia", composta por Paio Soares de Taveirós provavelmente no ano de 1189 (ou 1198, há rasuras na datação).
        Por essa cantiga ser a mais antiga registrada, convem-se datar daí o início do Lírica medieval galego-portuguesa. Ela se estende até o ano de 1418, quando se inicia o Quinhentismo em Portugal e na Galiza se inicam os chamados Séculos Escuros.
         Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que as acompanhavam, e cantigas são as poesias cantadas. Quem tocava e cantava as poesias recebia o nome de Jogral (normalmente o Jogral era o próprio trovador).
As cantigas eram manuscritas e colecionadas nos chamados Cancioneiros (eram livros antigos, que reuniam grande número de trovas). São conhecidos três Cancioneiros: o "Cancioneiro da Ajuda", o "Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa" e o "Cancioneiro da Vaticana".


Trovadores e Jograis

          Os trovadores geralmente pertenciam à pequena nobreza, embora alguns reis tivessem sido poetas. A literatura oral foi divulgada por jograis – recitadores, cantores e músicos que perambulavam por feiras, aldeias e castelos. A poesia, ligada à música, era composta pelos trovadores e cantada pelos jograis e menestréis.


Principais Manifestações Literárias

         A principal manifestação literária do Trovadorismo foi a poesia, representada pelas cantigas, que eram composições feitas para serem cantadas ou acompanhadas por instrumento musical.
       As cantigas medievais portuguesas eram expressas na chamada “medida velha”, as redondilhas, versos de cinco ou sete sílabas, de tradição medieval. O idioma empregado era o galaico-português, comum à Galícia e a Portugal. O poeta chamava-se trovador e as cantigas podiam ser líricas ou satíricas. Elas encontram-se reunidas em volumes denominados cancioneiros, dos quais se destacam o   Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro da Vaticana e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa.
         A prosa medieval apresentou caráter predominantemente documental, o que diminuiu seu valor literário. Apenas um gênero se destacou: as Novelas de Cavalaria, que eram narrativas de feitos heroicos e guerreiros, originadas nas antigas canções de gesta. Em Portugal, apenas as novelas do Ciclo Bretão ou Arturiano, sobre o rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda, deixaram marcas.

Os Tipos de Cantigas

Dentro do Trovadorismo galeco - português, as cantigas costumam ser divididas em:

* Líricas : Cantigas de Amor e de Amigo
* Satíricas: Cantigas de Escárnio e Cantigas de Maldizer 

  * Cantiga de Amor

         O cavalheiro se dirige à mulher amada como uma figura idealizada, distante. O poeta, na posição de fiel vassalo, se põe a serviço de sua senhora, dama da corte, tornando esse amor um objeto de sonho, distante, impossível.Mas nunca consegue conquistá-la, porque tem medo e também porque ela rejeita sua canção.
         Neste tipo de cantiga, originária de Provença, no sul de França, o eu-lírico é masculino e sofredor. Sua amada é chamada de senhor (as palavras terminadas em or como senhor ou pastor, em galego-português não tinham feminino). Canta as qualidades de seu amor, a "minha senhor", a quem ele trata como superior revelando sua condição hierárquica. Ele canta a dor de amar e está sempre acometido da "coita", palavra frequente nas cantigas de amor que significa "sofrimento por amor". É à sua amada que se submete e "presta serviço", por isso espera benefício (referido como o bem nas trovas).




         Essa relação amorosa vertical é chamada "vassalagem amorosa", pois reproduz as relações dos vassalos com os seus senhores feudais. Sua estrutura é mais sofisticada.
      São tipos de Cantiga de Amor: 

 * Cantiga de Meestria: é o tipo mais difícil de cantiga de amor. Não apresenta refrão, nem estribilho, nem repetições (diz respeito à forma.)

* Cantiga de Tense ou Tensão: diálogo entre cavaleiros em tom de desafio. Gira em torno da mesma mulher. 

* Cantiga de Pastorela: trata do amor entre pastores (plebeus) ou por uma pastora (plebéia). 

* Cantiga de Plang: cantiga de amor repleta de lamentos.

Exemplo de lírica galeco - português de Bernal de Bonoval

"A dona que eu am'e tenho por Senhor
amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.

A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,
mostrade-me-a algo possa con ela falar,
se non dade-me-a morte."


Cantiga de Amigo

         São cantigas de origem popular, com marcas evidentes da literatura oral (reiterações, paralelismo, refrão, estribilho), recursos esses próprios dos textos para serem cantados e que propiciam facilidade na memorização. Esses recursos são utilizados, ainda hoje, nas canções populares.
        Este tipo de cantiga, que não surgiu em Provença como as outras, teve suas origens na Península Ibérica. Nela, o eu-lírico é uma mulher (mas o autor era masculino, devido à sociedade feudal e o restrito acesso ao conhecimento da época), que canta seu amor pelo amigo (isto é, namorado), muitas vezes em ambiente natural, e muitas vezes também em diálogo com sua mãe ou suas amigas. A figura feminina que as cantigas de amigo desenham é, pois, a da jovem que se inicia no universo do amor, por vezes lamentando a ausência do amado, por vezes cantando a sua alegria pelo próximo encontro. Outra diferença da cantiga de amor, é que nela não há a relação Suserano x Vassalo, ela é uma mulher do povo. Muitas vezes tal cantiga também revelava a tristeza da mulher, pela ida de seu amado à guerra.

Exemplo de D. Dinis

"Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?"





Cantiga de Escárnio

O eu-lirico faz um sátira:

* a alguma pessoa;
* de forma indireta;
*cheia de duplos sentidos;
* o nome da pessoa satirizada não é revelado.


         Em cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa. Essa sátira era indireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio (ou "de escarnho", na grafia da época) definem-se, pois, como sendo aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos semânticos, em um processo que os trovadores chamavam "equívoco". O cômico que caracteriza essas cantigas é predominantemente verbal, dependente, portanto, do emprego de recursos retóricos. A cantiga de escárnio exigindo unicamente a alusão indireta e velada, para que o destinatário não seja reconhecido, estimula a imaginação do poeta e sugere-lhe uma expressão irônica, embora, por vezes, bastante mordaz. Exemplo de cantiga de escárnio.

Exemplo de cantiga de escárnio:

"Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia! (...)"



Cantiga de Maldizer

Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz:
* uma sátira direta e sem duplos sentidos;
* é comum a agressão verbal à pessoa satirizada;
* e muitas vezes são utilizados palavrões;
* o nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado.
Exemplo de cantiga de Joan Garcia de Guilhade:

"Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!
Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já en bom cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!" 




Principais Autores do Trovadorismo:


Os mais conhecidos trovadores foram: João Soares de Paiva, Paio Soares de Taveirós, o rei D. Dinis, João Garcia de Guilhade, Afonso Sanches, João Zorro, Aires Nunes, Nuno Fernandes Torneol.

Mas aqui serão citados apenas alguns.
* Paio Soares Taveirós
Paio Soares Taveiroos (ou Taveirós) era um trovador da primeira metade do século XIII. De origem nobre, é o autor da Cantiga de Amor A Ribeirinha, considerada a primeira obra em língua galaico-portuguesa.
* D. Dinis
Dom Dinis, o Trovador, foi um rei importante para Portugal, sua lírica foi de 139 cantigas, a maioria de amor, apresentando alto domínio técnico e lirismo, tendo renovado a cultura numa época em que ela estava em decadência em terras ibéricas.
* D. Afonso X
D. Afonso X, o Sábio, foi rei de Leão e Castela. É considerado o grande renovador da cultura peninsular na segunda metade do século XIII. Acolheu na sua corte e trovadores, tendo ele próprio escrito um grande número de composições em galaico-português que ficaram conhecidas como Cantigas de Santa Maria. Promoveu, além da poesia, a historiografia, a astronomia e o direito, tendo elaborado aGeneral Historiaa Crônica de EspañaLibro de los JuegosLas Siete PartidasFuero RealLibros del Saber de Astronomia, entre outras.
* D. Duarte
D. Duarte foi o décimo primeiro rei de Portugal e o segundo da segunda dinastia. D. Duarte foi um rei dado às letras, tendo feito a tradução de autores latinos e italianos e organizando uma importante biblioteca particular. Ele próprio nas suas obras mostra conhecimento dos autores latinos.
Obras: Livro dos ConselhosLeal ConselheiroLivro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda a Sela.
* Fernão Lopes
Fernão Lopes é considerado o maior historiógrafo de língua portuguesa, aliando a investigação à preocupação pela busca da verdade. D. Duarte concedeu-lhe uma tença anual para ele se dedicar à investigação da história do reino, devendo redigir uma Crônica Geral do Reino de Portugal. Correu a província a buscar informações, informações estas que depois lhe serviram para escrever as várias crônicas (Crônica de D. Pedro ICrônica de D. FernandoCrônica de D. João ICrônica de Cinco Reis de Portugal e Crônicas dos Sete Primeiros Reis de Portugal). Foi “guardador das escrituras” da Torre do Tombo.
* Frei João Álvares
Frei João Álvares a pedido do Infante D. Henrique, escreveu aCrônica do Infante Santo D. Fernando. Nomeado abade do mosteiro de Paço de Sousa, dedicou-se à tradução de algumas obras pias:Regra de São Bento, os Sermões aos Irmãos do Ermo atribuídos a Santo Agostinho e o livro I da Imitação de Cristo.
* Gomes Eanes de Zurara
Gomes Eanes de Zurara, filho de João Eanes de Zurara. Teve a seu cargo a guarda da livraria real, obtendo em 1454 o cargo de “cronista-mor” da Torre do Tombo, sucedendo assim a Fernão Lopes. Das crônicas que escreveu destacam-se: Crônica da Tomada de CeutaCrônica do Conde D. Pedro de MenesesCrônica do Conde D. Duarte de Meneses e Crônica do Descobrimento e Conquista de Guiné.